Investigadores de arqueologia voltaram a Melgaço
Os investigadores na área de arqueologia voltaram a Melgaço, dando continuidade aos trabalhos no âmbito do projeto arqueológico transfronteiriço “Miño/Minho – Os primeiros habitantes do baixo Minho”, um projeto que estuda as primeiras ocupações humanas no Baixo Minho conservadas na sua margem esquerda. Os trabalhos centraram-se nas jazidas paleolíticas na freguesia de Remoães e na realização de prospeções ao longo do rio Minho entre Chaviães, a montante, e a ponte que liga Melgaço a Arbo, a jusante. Também na freguesia de Penso, aqui pela primeira vez, se realizaram prospeções, procurando-se determinar as condições de jazida de uma coleção de artefactos paleolíticos que haviam sido, há alguns anos, recolhidos nas imediações do Monte Castro.
O projeto encontra-se em desenvolvimento desde há quatro anos, incidindo as suas intervenções na área do concelho de Melgaço e na zona a montante de Monção, e tem permitido descobrir mais informações sobre o Paleolítico do Baixo e Médio Noroeste da Península Ibérica e dezenas de artefactos com milhares de anos. Nele participam investigadores portugueses associados às Universidades de Lisboa, Minho e Porto e investigadores espanhóis da Universidade de Vigo, do Centro Nacional de Investigación sobre la Evolución Humana de Burgos e do Instituto de Evolución en África da Universidade de Alcalá de Henares.
Os trabalhos realizados este ano contaram com a presença de uma equipa de 12 alunos da Licenciatura e do Mestrado em Arqueologia da Universidade de Lisboa, tendo-se focado na continuação da escavação do Locus 1 da jazida das Carvalhas, situada na Veiga de Remoães; na abertura de novas sondagens no Locus 4 desta mesma jazida; e na realização de prospeções ao longo do rio Minho entre Chaviães, a montante, e a ponte que liga Melgaço a Arbo, a jusante.
No Locus 1, da jazida das Carvalhas, procurou-se alargar a área anteriormente intervencionada para setores onde uma maior dimensão do nível arqueológico pudesse permitir a recolha de amostras para a posterior obtenção de datações por métodos radiométricos. Para além dos artefactos líticos exumados, os trabalhos aí realizados permitiram identificar pelo menos uma área onde se pretende vir a recolher as desejadas amostras.
Já no setor 4 da mesma jazida, os trabalhos incidiram numa nova área dos depósitos de origem fluvial que aí se encontram representados, tendo levado a reconhecer a complexidade do seu desenvolvimento local e a ocorrência de perturbações históricas dos seus níveis mais superficiais sem, todavia, permitir recolher os artefactos em conexão com uma data que se obteve na campanha de 2016. Trata-se, porém, de um objetivo que a equipa tentará levar a bom porto numa próxima campanha de trabalhos que aí se venha a realizar.
Na freguesia de Penso, as prospeções, que procuraram determinar as condições de jazida de uma coleção de artefactos paleolíticos que haviam sido há alguns anos recolhidos nas imediações do Monte Castro, tornaram possível verificar que o local onde se realizaram os achados se encontra muito remexido.
CONDIÇÕES TOPOGRÁFICAS DAS ÁREAS ABRANGIDAS DIFICULTARAM TRABALHOS
«Para montante de Melgaço, até Chaviães, a inclinação do terreno não permitiu a conservação de depósitos associáveis à presença do rio acima da cota atual. E se mais para norte em algumas áreas isso seria possível, a densa cobertura vegetal impediu uma cuidada observação do solo e dos depósitos subjacentes, mesmo se a ausência de materiais detríticos, e em especial de seixos rolados, não tenha deixado grandes indícios da sua presença.», conta o coordenador do projeto, João Ribeiro, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
«A existência de antigos terraços do rio Minho, associados ao desenvolvimento da sua planície fluvial quando o respetivo leito ainda não se encontrava tão encaixado como sucede na atualidade