Castro Laboreiro ‘volta a ter Fábrica de Chocolate’
Sabia que Castro Laboreiro tinha uma fábrica de chocolate? E vai voltar a ter, pelo menos será essa a sensação dos presentes! ‘CHOCOLATE SEM FRONTEIRAS’ é o mote da ação que vai permitir recriar a antiga Fábrica de Chocolate da Vila de Castro Laboreiro, em Melgaço, do qual todos poderão fazer parte, durante os dias 26, 27 e 28 de maio. A proximidade com a natureza, as entidades envolvidas e os próprios residentes, convida os participantes a entenderem a cultura e as vivências de Castro Laboreiro noutros tempos.
Será um fim de semana diferente, em harmonia com a história, os usos e os costumes locais. A organização vai proporcionar experiências únicas, de contacto com a tradição e com o Património da vila Melgacense, como sendo as visitas ao castelo de Castro Laboreiro, ao Núcleo Museológico de Castro Laboreiro e a recriação da história da Fábrica de Chocolate, conseguida com a ajuda do grupo de teatro Fora D´Horas. Também o Centro de dia de Castro Laboreiro se associa ao evento, reavivando a tradição da Carpeada (ciclo da lã), lembrando que no final havia chocolate no lanche tradicional.
A abertura decorre no centro cívico de Castro Laboreiro com uma Welcome Drink, seguida da passagem de alguns excertos de filmes onde Castro Laboreiro desempenhou um papel central, o que permitirá relembrar pessoas, lugares e tradições de outros tempos. No final haverá chocolate quente. No sábado haverá um trilho guiado ao Castelo de Castro Laboreiro, com oferta de pão com chocolate, especialmente produzido para aludir à temática do dia.
A tarde será nostálgica, onde o CHOCOLATE será mesmo SEM FRONTEIRAS…: Castro Laboreiro vai recuar no tempo e os participantes vão ser transportados para 1908, data a que é atribuída a fundação da Fábrica do Chocolate. A partir das 14h00 será levado a cabo um pequeno percurso pelas ruas da Vila e espaços com envolvência à história. O Jornal ‘A NEVE’ será igualmente lembrado e recriado, a fim de importar para o presente, este periódico da época, propriedade da Fábrica e onde eram anunciados os seus esmerados chocolates. De seguida, os utentes do Centro de Dia de Castro Laboreiro vão recriar a CARPEADA – transformação da lã depois de tosquiada e lavada até à obtenção do fio. Uma representação de usos e costumes das gentes de Castro Laboreiro de outrora. No final haverá um workshop de chocolate caseiro. A par das atividades é possível deliciar as iguarias da região, patentes numa Feira de produtos. A Queimada galega, vinda do lado espanhol, fecham o dia.
No domingo haverá uma caminhada solidária, de livre participante e onde cada participante poderá contribuir, com o que pretender, a favor dos Bombeiros Voluntários de Melgaço. Esta caminhada será também ela temática, com a abertura à comunidade de Geocachers (caça ao tesouro por georreferenciação). Os geocachers participantes poderão fazer algumas caches ao longo do percurso.
Programa:
sexta dia 26 (Centro Cívico de Castro Laboreiro)
21h00 Welcome Drink
22h00 Noite de cinema com chocolate quente
sábado dia 27
10h30 Trilho guiado ao Castelo de Castro Laboreiro, com animação (encontro: Pastelaria Castrejinha)
14h00 Fábrica do Chocolate com animação teatral (Núcleo Museológico de Castro Laboreiro)
17h00 Carpeada tradicional (Centro de Dia de Castro Laboreiro)
18h30 Workshop de Chocolate artesanal (Centro Cívico de Castro Laboreiro)
20h00 Petiscos e feira de produtos regionais (Centro Cívico de Castro Laboreiro)
23h00 Queimada
domingo dia 28
11h00 Trilho solidário Geocaching (Museu)
Castro Laboreiro é uma das localidades mais emblemáticas do Parque Nacional Peneda-Gerês-PNPG. A freguesia está localizada no planalto com o mesmo nome, em plena serra da Peneda, numa extensa área dentro do PNPG, distando vinte e cinco quilómetros da sede do concelho.
A aldeia possui ainda um milenar e riquíssimo legado histórico, arqueológico e arquitetónico, designadamente os monumentos megalíticos, o Castelo de Castro Laboreiro – classificado como monumento nacional, as pontes e igrejas medievais, os fornos comunitários, os moinhos, a atividade agro-pastoril e as singulares brandas, inverneiras e lugares fixos, testemunhos, também aqui, da prática da transumância.
A saber…Castro Laboreiro, juntamente com Branda da Aveleira, são aldeias candidatas às 7 Maravilhas de Portugal® – Aldeias, as únicas no Norte de Portugal, na categoria de Aldeias Remotas.
O concurso pretende demonstrar que Portugal tem um património valioso e diferenciador, que inspira quem visita e as duas aldeias melgacenses têm. A partir de 3 de julho, durante 7 semanas, todos os domingos, a RTP vai transmitir uma Gala dedicada a cada uma das 7 categorias. Os portugueses poderão votar na sua aldeia favorita durante a semana que antecede a gala (de segunda a domingo), através de um telefonema para um número a designar. A primeira Gala tem lugar a 9 de julho. Cada categoria, aldeias monumento, aldeias de mar, aldeias ribeirinhas, aldeias rurais, aldeias remotas, aldeias autênticas e aldeias em áreas protegidas, estará a votação apenas uma semana, entre 3 de julho e 20 de agosto, apurando todos os domingos duas finalistas de cada categoria. A lista final das 14 finalistas fica assim fechada na última Gala, a 20 de agosto e seguem-se duas semanas de votação para as 14 finalistas. A Declaração Oficial das 7 Maravilhas de Portugal® – Aldeias tem lugar a 3 de setembro, altura em que serão reveladas as 7 vencedoras, as 7 aldeias mais votadas, uma por categoria.
Sobre a Fábrica de Chocolate…
«Domingos ‘Carabel’ fundou a Fábrica de Chocolate de Castro Laboreiro em 1908. A Família Carabel tinha vários ofícios: o fabrico de chocolates constituía a sua principal fonte de rendimento, mas, não contente com o que ganharia com isso, ainda tinha loja aberta, em Castro Laboreiro para venda de tamancos, miudezas e fazendas, e também arranjava tempo para tratar de caixões e funerais, além de publicar um jornal.
Ainda hoje ninguém sabe explicar o porquê de Domingos António Alves, ‘Carabel’ (alcunha pela qual era conhecido), ter criado uma fábrica de chocolates em Castro Laboreiro, terra onde o cacau não se produzia. A verdade é que a imprescindível matéria-prima subia à aldeia serrana de Castro Laboreiro, vinda do Brasil. Corria o ano de 1908, quando Domingos Carabel, se pôs a fazer tabletes de um saboroso chocolate, que ganhou fama em Melgaço, Monção e Valença, tendo chegado, mais tarde, aos olhos e ouvidos dos ingleses, que até mandaram pedir, por carta, amostras dos rótulos do dito produto, vá lá saber-se porquê.
As primitivas instalações da Fábrica que ocupavam parte do edifício em pedra do atual Núcleo Museológico de Castro Laboreiro, não tinham ao tempo energia elétrica, e o carvão, a que o pai Domingos Carabel sempre recorrera, onerava os custos. Abílio Carabel consegue então autorização dos Serviços Hidráulicos, onde chegou a trabalhar, para um barracão no rio Laboreiro, e aproveita a força motriz da água.
Após o falecimento do fundador, os dois irmãos, Abílio e Germano, deram-se bem no negócio dos chocolates. As encomendas de cacau eram feitas a importadores do Porto, os pedidos iam por carta, quem as escrevia era sempre Abílio Carabel. Forneciam os chocolates a casas comerciais da região, mas dedicavam-se também à venda direta pelas feiras e romarias. As tabletes iam metidas em papel especial, que nunca se soube onde o arranjavam, mas que conservava o chocolate com a mesma eficácia das pratas.
Foi por adorar o Chocolate Carabel que Aurora Rodrigues, uma bonita viúva de Melgaço com bens no Brasil, se enamorou de Germano Carabel. Foi em setembro de 1920, no fim da romaria da Senhora da Peneda. Aurora tinha ido lá com a mãe e, antes de regressar a Melgaço, quis comprar chocolates. Germano estava em fim de feira e só tinham sobrado duas tabletes. Aurora insistiu que precisava de mais. Germano e o irmão Abílio arrumavam a banca dos chocolates. Aurora fora lá cumprir promessa e não queria regressar a casa sem levar tabletes de chocolate para oferecer a amigos e caseiros. Até parecia mal não levar nada, pensava ela, mas só sobravam duas tabletes. Era pouco. ‘Quando é que fazemos mais chocolates?’, perguntara Germano ao irmão. ‘Para a semana…’, retorquiu Abílio. ‘Pois minha senhora: na próxima semana sou eu mesmo que lhas levo a sua casa, a Melgaço. Fique descansada.’ Aurora e Germano não paravam de se entreolhar nesse fim de feira. Em 25 de dezembro, dia de Natal, desse mesmo ano, casavam-se. Amaram-se até ao fim da vida.
Mais tarde, começara a publicar um jornal, ‘A Neve’. Utilizava-o até para anunciar os seus esmerados chocolates. A publicidade era também deliciosa nos dizeres: ‘Quereis um bom casamento? – Tomai o chocolate da afamada fábrica “Carabeis” de Castro Laboreiro, que atrai a simpatia’. A alcunha era “Carabel”, mas vá-se lá hoje saber qual o porquê da designação de ‘Carabeis’ no dito anúncio. O jornal surge já quando a fábrica estava sob a gerência dos irmãos Abílio e Germano Carabel. Ambos eram redatores do jornal, tinham jeito para a escrita. Sobretudo, o Abílio Alves Carabel. O diretor era um tal Abílio Domingos, professor primário, que depois se radicou em Braga, onde morreu. Seriam os três que financiavam o jornal, mas que deixou de se publicar, quando Germano Carabel foi dirigir a filial em Melgaço da Fábrica de Chocolates Carabeis Sucessores, antes de ter viajado para o Brasil, com a mulher e filhos, onde permaneceu alguns anos para gerir os bens da esposa. Em 1945, a Fábrica desloca-se para os moinhos do Poço Verde, onde atualmente funciona um espaço de turismo rural, e mais tarde para Melgaço. Não há informações muito claras sobre a data de fecho da Fábrica mas acredita-se que tal tenha ocorrido há cerca de 70 anos.»
‘CHOCOLATE SEM FRONTEIRAS’ é uma organização conjunta de Sónia Nogueira, Gestora da Página de facebook Turismo Parque Nacional Peneda-Gerês: stakeholders, redes e relacionamento (www.facebook.com\turismopnpg) e Doutorada em Marketing de Turismo, de Filipe Esteves, da Divisão da Cultura do Município de Melgaço, e da turma do 3º ano de Atelier de Marketing (Comunicação Aplicada), da Universidade Lusófona. Conta com o apoio do Município de Melgaço e da União de Freguesias de Castro Laboreiro e Lamas de Mouro e acontece no âmbito das comemorações do Dia Internacional dos Museus.
Todas as atividades são de participação livre e gratuita.