Lançamento do pacote turístico “A Lampreia e as Pesqueiras do Rio Minho”.

Melgaço organiza amanhã, sábado, dia 14 de maio, a Festa dos Pescadores das Pesqueiras do rio Minho e, aproveitando o potencial turístico e cultural da atividade piscatória na raia, lança o pacote turístico “A Lampreia e as Pesqueiras do Rio Minho”. A festa é uma organização da autarquia melgacense e da Associação dos Pescadores e marca o encerramento da época de pesca nos dois lados da fronteira* neste rio. A iniciativa tem início pelas 11h00, junto ao acesso ao rio Minho na freguesia de Alvaredo (coordenadas: 42.101261, -8.313881).

Para além de ser um momento de convívio entre os pescadores, assim como das várias instituições/entidades com as quais estes mantêm relações profissionais e/ou institucionais, a Festa dos Pescadores das Pesqueiras do rio Minho pretende chamar a atenção para a importância da atividade piscatória nas pesqueiras do Rio Minho, nomeadamente ao nível dos aspetos económicos, ecológicos, sociais, patrimoniais e culturais.

 O pacote turístico “A Lampreia e as Pesqueiras do Rio Minho”, uma iniciativa promovida em colaboração com os pescadores, a Capitania do Porto de Caminha e o Município de Melgaço, nasceu com o propósito de preservar e divulgar as Pesqueiras do rio Minho, bem como a arte piscatória aqui desenvolvida, que foi sendo transmitida de geração em geração e que permanece até aos dias de hoje. A ação consiste em orientar os turistas pelos trilhos de acesso às pesqueiras, exemplificando todo o processo da arte da pesca, pelos próprios pescadores, desde a construção das redes até ao seu uso nas pesqueiras, contando as histórias e curiosidades sobre a arte da pesca artesanal e das construções milenares existentes nas duas margens.

A ação oferecerá, assim, aos turistas uma experiência associada à gastronomia, aos produtos endógenos e à descoberta das suas origens, à autenticidade do território e ao saber fazer tradicional. O rio Minho marca a identidade das gentes de Melgaço e a ele estão ligadas as principais atividades que foram, durante anos, as suas fontes de sobrevivência. O rio era rico em espécies que ainda hoje fazem as delícias gastronómicas, com destaque para o salmão, sável, savelha e, sobretudo, a lampreia, espécies utilizadas como produtos de promoção turística do concelho de Melgaço e da região.

PROGRAMA:

11h00 – Concentração dos pescadores e entidades convidadas (acesso ao Rio Minho por Alvaredo – coordenadas: 42.101261, -8.313881)

11h15 – Caminhada pelas pesqueiras e explicação da arte da pesca

             – Apresentação do pacote turístico “A Lampreia e as Pesqueiras do Rio Minho”

13h00 – Almoço convívio

 

PESQUIRAS DO RIO MINHO: preservar um saber comum aos dois territórios da raia

A origem da construção das pesqueiras do rio Minho perde-se na História: as primeiras referências documentadas são do séc. XI. Já eram utilizadas pelos romanos para a pesca daquela que é considerada uma das maiores iguarias do rio Minho: a lampreia. Testemunham saberes ancestrais na escolha dos melhores sítios para a sua implementação, na sua orientação em relação às correntes do rio, no processo de trabalhar a pedra e erguer os muros, na escolha das redes mais adequadas e, ainda, no sistema de partilha comunitária do seu uso.

O rio internacional concentra, nas duas margens e apenas no troço de 37 quilómetros, entre Monção e Melgaço, cerca de 900 pesqueiras (das quais cerca de 350 estão ativas), “engenhosas armadilhas” da lampreia, do sável, da truta, do salmão ou da savelha.

Estas construções representam um património ímpar que, dado o seu elevado valor, tem de ser conservado e preservado. Desta forma, está em curso a candidatura das pesqueiras do rio Minho ao registo nacional de património imaterial, promovida pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Rio Minho. «Mais do que guardar a história que as pesqueiras encerram é dar-lhe dinâmica, do ponto de vista económico, tornando-as numa referência para o setor do turismo.», atenta Manoel Batista, autarca de Melgaço.

«É um património vivo, mas que está em risco, claramente. Esta candidatura é uma oportunidade de dar valor a esta prática viva e um momento único para os jovens voltarem ao rio, onde tem estado praticamente ausentes.», alertou o antropólogo Álvaro Campelo aquando da apresentação pública da candidatura, em agosto de 2020.

 

*No troço compreendido entre a linha que passa pelas torres do Castelo da Lapela, em Monção – Portugal, e pela igreja do Porto, em Espanha, e o limite superior da linha fronteiriça.