A rede de percursos implantada é composta por uma totalidade de 16 percursos, na sua maioria circulares, num total de 172,3 km, que se desenvolvem, essencialmente, na zona sul do concelho, percorrendo todas as freguesias, sobretudo as zonas altas onde predominam as nascentes de vários rios e ribeiras, que ali se desenvolvem, pertencentes, principalmente, à bacia hidrográfica do rio Minho. Destaca-se nesta bacia o rio Trancoso, o rio Mouro e também o rio Laboreiro, que desagua no Rio Lima.
De uma forma geral, os trilhos desenvolvem-se ao longo da topografia existente, procurando explorar as características naturais dos principais vales e zonas de cumeada da região montanhosa.
Foi propósito deste projeto incidir sobre caminhos pré-existentes, utilizados nas atividades agrícolas e de pastorícia pela população local, privilegiando-se o contacto dos utilizadores com o meio natural. Por esta razão, os demais trilhos encontram-se, sempre que possível, próximos de elementos naturais, como linhas de água, linhas de festo e afloramentos rochosos, possibilitando o contato com os diversos habitats presentes na região.
A rede de trilhos assume-se como um itinerário principal, a partir do qual surgem ramificações que permitem aos utilizadores fazer desvios, que dão a conhecer todo o património cultural e natural que se desenvolve em redor da rede. Destacam-se deste património pequenos aglomerados rurais, que vão surgindo um pouco por todo o território montanhoso, assim como pequenos monumentos, maioritariamente de carácter religioso, e elementos naturais, nomeadamente afloramentos graníticos, ou mesmo pequenas linhas de água e zonas de alagamento excepcionais ao longo do percurso.
A Rede enquadra-se na candidatura “Walking&Cycling Melgaço – Rede municipal de percursos pedestres e cicláveis”, no âmbito do programa “Valorizar” do Turismo de Portugal (a uma taxa de 74%, do investimento total).
INFORMAÇÃO DETALHADA DOS TRILHOS AQUI
LAMAS DE MOURO - CEVIDE (PR I)
Trata-se de um percurso linear de cerca de 16 Km. Inicia na aldeia de Lamas de Mouro, junto às Alminhas do “Carvalho”, como são denominadas pelos locais, um património artístico e religioso vernacular. Portugal é o único país do mundo que as possui no seu património cultural, embora na zona Norte sejam muito mais comuns. Localizadas habitualmente à beira de caminhos rurais e em encruzilhadas, são representações populares das almas do Purgatório que suplicam rezas e esmolas pelas almas dos defuntos em geral, portanto, simbolizam um possível culto aos mortos.
Ao trilhar os caminhos da aldeia e do mosaico agrícola envolvente, delimitado por velhos muros de pedra solta, segue-se num caminho de terra batida, envolto em matos baixos, que leva até às ruínas de uma antiga casa de Guarda Florestal. Nesta área, acresce o valor simbólico de se percorrer um caminho conhecido como “caminho dos Mortos”. Este nome advém do facto de que, antes da construção das novas vias rodoviárias, os funerais, de alguns lugares mais distantes, até à igreja paroquial, se fazerem por este caminho. Os finados eram transportados em carros de bois, demorando horas até chegar à Igreja Paroquial.
Fazendo um pequeno desvio do percurso marcado, é possível encontrar um dos pontos de referência da Rota dos Mosteiros do Alto Minho, o Mosteiro de Fiães. Extinto em 1834, o mosteiro sofreu várias campanhas de restauro, mas que não alteraram significativamente a estrutura, que manteve, à vista, a maioria dos seus elementos medievais. A Igreja de Fiães bem como os elementos que restam do antigo mosteiro estão classificados como Monumento Nacional.
A partir daqui o caminho descendente leva a desembocar no emblemático lugar de Cevide, o ponto mais a Norte de Portugal, no concelho de Melgaço. É a aldeia que acolhe o marco de fronteira n.º 1 com Espanha, entre as margens do rio Minho e do rio Trancoso.
Fauna: Vaca-loura (Lucanos cervus) | Gineta (Genetta genetta) | Fuinha (Martes foina)
Flora: Escambrão (Pyrus cordata) | Violeta-dente-de-cão (Erythronium dens-canis) |Anémona-dos-bosques (Anemone trifolia)
CASTRO LABOREIRO - LAMAS DE MOURO (PRII)
O percurso inicia junto ao Hotel Castrum Villae, cerca de 450 metro depois segue-se para norte| direita. A partir daqui percorre-se um caminho suave, seguindo sensivelmente à mesma cota, proporcionando alguma amplitude de observação. Ao direcionar o ângulo de visão para o nosso lado esquerdo, fixando o horizonte, na encosta da serra da Peneda, afigura-se uma importante formação rochosa, resultado da meteorização granítica, o Casttle koppie (forma acastelada com fraturas ortogonais e verticais dominantes, localmente designado por Borrageiro ou Fradinhos). Um geossitio e um dos melhores exemplos de geoformas graníticas de maior dimensão do Parque Nacional da Peneda-Gerês, portanto, um elemento a considerar na interpretação do património geológico desta região. Pouco depois cruza-se o ribeiro do Porto Seco, a velha Ponte das Veigas e chega-se a área de lazer com o mesmo nome. Trata-se de um espaço amplo com um parque de merendas, vários bancos e mesas em pedra, além de um parque infantil e de um polidesportivo. Um pouco antes do lugar do Vido emerge a colina que nos leva a uma subida gradual dos 1000 para os 1100 metros de altitude.
Ao atingir o ponto mais alto, pode desfrutar-se de um bosque com pinheiros-silvestres e vidoeiros, um importante local de abrigo para várias espécies faunísticas. Logo depois do bosque, o percurso orienta-se para norte, ladeando uma pequena zona húmida (complexo higroturfoso). Poucos metros depois inicia-se uma descida gradual, por entre matos e afloramentos rochosos, até à Porta de Lamas de Mouro, um espaço turístico informativo e interpretativo que dispõe de exposições e equipamentos diversos sobre o Parque Nacional.
Fauna: Gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax) |Rã-de-focinho-pontiagudo (Discoglossus galganoi) | Lobo-ibérico (Canis lupus signatus)
Flora: Campânula (Campanula lusitânica) | Malva (Malva tournefortiana) | Pinheiro silvestre (Pinus sylvestris)
CASTREJO (PRIII)
O “Trilho Castrejo” inicia na emblemática vila de Castro Laboreiro, um dos lugares de residência fixa dos castrejos, junto ao Hotel Castrum Villae. Desenvolve-se pelos antigos caminhos que remontam à idade média dos quais restam algumas antigas pedras de calçada e pontes de arco que ligavam as Brandas às Inverneiras, núcleos populacionais que serviam de abrigo e regresso das famílias e dos seus animais a um clima mais favorável; às zonas mais altas e frescas nas Brandas e às zonas mais baixas e abrigadas do vale nas Inverneiras, garantindo assim a sobrevivência num território inóspito.
Pouco tempo após o início do percurso surge uma vista panorâmica sobre a Inverneira das Laceiras, atravessam-se os caminhos de muitas outras até às terras planálticas onde se situam as Brandas. Neste vaivém de subidas e descidas, finaliza-se com o regresso à vila onde o percurso se iniciou. São caminhos repletos de história e de uma riqueza natural deslumbrante. Umas vezes cruzam-se frondosos bosques de carvalho; outras vezes matos rasteiros e floridos e, ainda, galerias ripícolas biodiversas.
Percorre-se um território em que a ocupação humana se fez em estreita harmonia com o meio, o que modernamente se designa por “desenvolvimento sustentável”, mas que há muito é a forma de ser e de estar das populações castrejas na sua relação com a Montanha e a Natureza.
Destaca-se um importante património cultural do qual é bom exemplo a ponte da Cavadavelha (Monumento Nacional) e a Ponte da Assureira. Junto desta última o moinho de água, utilizado no passado de forma engenhosa para moer os cereais, enriquecem ainda mais a paisagem. Ainda merecedora de atenção é a formação geológica designada “Bico do Patelo”. Os afloramentos graníticos constituem, também, uma imagem forte desta paisagem de montanha.
Fauna: Cabra montesa (Capra Pyrenaica) | Melro d’água (Cinclus cinclus) | |Lagartixa-do-mato (Psammodromus algirus)
Flora: Medronheiro (Arbutus unedo) | Madressilva (Lonicera periclymenum) | Raiz divina (Armeria humilis)
INTERPRETATIVO DE CASTRO LABOREIRO (PR IV)
Este percurso desenvolve-se a partir do centro da vila de Castro Laboreiro, junto à Igreja Paroquial. O pelourinho também se destaca mesmo ao lado, mandado erguer em 1560, coincide com a atribuição do novo foral a Castro Laboreiro, embora este não seja o local de implantação original.
Por um antigo caminho, ladeado por um importante carvalhal, a subida é em direção à Branda da Portela (povoação ocupada cerca de nove meses), localizada já no emblemático planalto de Castro Laboreiro. Por este caminho transitavam o gado e as gentes nos seus movimentos de vaivém, entre o planalto e o vale (ocupado nos meses mais frios e rigorosos do inverno). Um modo de vida que reflete uma vida difícil, mas eficaz na gestão dos recursos naturais.
Ao atingir o ponto mais elevado do percurso (1.100m de altitude) um miradouro natural floresce no meio dos blocos de granito. Permite apreciar o vale do rio Laboreiro, os cumes afiados da serra da Peneda e o Castelo Roqueiro Medieval (Monumento Nacional), primeira fortaleza da raia seca do Alto Minho. Encontra-se a mais de 1000m de altitude, no cume de uma massa granítica isolada e rodeada de precipícios. Este são os “ingredientes” que tornam este um dos cenários mais belos deste trilho.
A descida até ao vale permite vislumbrar novas paisagens, como quando se estende o olhar sobre os muros e se veem os belíssimos prados de lima. No inverno o prado é limado – escorre permanentemente sobre ele um finíssimo lençol de água com o objetivo de manter a temperatura acima do 0º C, evitando deste modo a formação de geada que queimaria a erva. O aproveitamento de abundância de água, mesmo em situações que a inclinação não permite a agricultura é um bom exemplo da sabedoria secular no uso do território.
Segue-se até às Veigas onde surge a oportunidade de vaguear pela história através da ponte da Veigas. Pouco depois conclui-se o percurso junto ao Hotel Castrum Villae.
Fauna: Lagarto-de-água (Lacerta schreiberi) | Pisco-peito-ruivo (Erithacus rubecula) |Texugo (Meles meles)
Flora: Carvalho negral (Quercus pyrenaica) | Saxífraga espatulada (Saxifraga spathularis) | Martagão (Lilium martagon)
MEGALITISMO (PR V)
Este percurso desenvolve-se a partir da vila de Castro Laboreiro em direção à Branda do Rodeiro. Um percurso que permite “viajar” pelo planalto castrejo, um território que guarda, até hoje, marcantes vestígios do passado.
Ao embrenhar-se no planalto que se desenvolve na serra do Laboreiro até à chamada “raia seca”, linha de fronteira com a Galiza, encontra-se um espaço sagrado pré-histórico testemunhado na paisagem pelos dólmenes ou antas que se encontram agrupados em núcleos relativamente restritos, formando uma grande Necrópole, o que indica a importância coletiva e simbólica deste lugar.
A Necrópole Megalítica data do Neolítico Médio/Final até à Idade do Bronze e é uma das maiores e mais importantes da Peneda-Gerês. Os núcleos espalham-se por uma área de cerca de 50 km2, a uma altitude superior a 1100 metros e, graças a esta localização, apresentam-se em boas condições de conservação. A maior parte das mamoas conserva ainda o dólmen megalítico.
O núcleo do Alto da Portela do Pau é o único desta extensa área que foi objeto de investigação arqueológica. Fruto da intervenção, um dos monumentos foi parcialmente reconstituído para visitação. Uma particularidade são os motivos gravados e ténues vestígios de pintura nos esteios ainda visíveis. O monumento com maior destaque neste local é a Mota Grande, sendo esta a maior mamoa do planalto, já em território galego.
Este património cultural convive harmoniosamente com um outro tesouro do património natural, as Turfeiras Atlânticas que só podem ser encontradas em zonas de montanha acima dos 800 metros e em zonas encharcadas. Outrora abundantes, hoje, são um habitat raro em Portugal, mas com enorme importância ecológica.
O Percurso prolonga-se até outras Brandas desce às Inverneiras para encontrar o caminho de regresso ao ponto onde teve início.
Fauna: Tartaranhão caçador (Circus pygargus) | Cartaxo Nortenho (Saxicola rubetra) | Lobo Ibérico (Canis lupus signatus)
Flora: Bolas-de-algodão (Eriophorum Angustifolium) | Orvalhinha (Drosera rotundifólia) |Erva-Loira-de-Melgaço (Senecio legionensis)
RIO LABOREIRO (PR VI)
Este trilho permite um agradável percurso pelo Rio Laboreiro, que nasce no planalto castrejo, na vertente oeste da Serra do Laboreiro, junto à fronteira galega, atravessando todo o território. Ao infletir para sul, marca os limites entre as serras da Peneda e do Laboreiro. No seu troço final, de cerca de 14 Km, marca a fronteira entre Portugal e Espanha e desagua no Rio Lima.
O Percurso inicia na Vila de Castro Laboreiro à direita da Igreja Paroquial. Pouco depois chega-se ao Núcleo Museológico e, logo de seguida, a um Miradouro natural que permite uma vista panorâmica das cascatas do Laboreiro. Esta queda de água atravessa neste local serrano um acentuado desnível e precipita-se do cimo de altas fragas rochosas num mar de espuma branca. Encontra-se a sul da ponte velha de Castro Laboreiro. Envolvido nesta panorâmica podem, ainda, ser apreciados os antigos moinhos de água utilizados no passado para moer o centeio, matéria-prima de excelência para a confeção do Pão Centeio, o famoso Pão Castrejo.
Serpenteando serra abaixo, as suas margens são ligadas por pontes que várias civilizações foram construindo ao longo dos tempos e aqui permanecem. Na reta final do percurso surge a oportunidade de cruzar a Ponte de Varziela. Das numerosas pontes históricas que se conservam, a da Varziela é a que apresenta maiores vestígios de ter sido executada no período medieval. No entanto, alguns autores apontam a reformulação medieval de antigas pontes romanas, que seria o que sucedeu também com esta Ponte.
Estes são alguns exemplos das inesgotáveis oportunidades que o Rio Laboreiro oferece. Em toda a sua extensão apresenta piscinas naturais límpidas rodeadas de penhascos gigantes, cascatas de cortar a respiração, ingredientes perfeitos para a prática do Canyoning, uma atividade recreativa de exploração que nos permite visitar e percorrer os recantos mais belos e escondidos deste rio de montanha.
Flora: Amieiro (Alnus glutinosa) | Erva-loira-dos bosques (Senecio nemorensis) | Urze-branca (Erica arbórea)
Fauna: Lontra (lutra lutra) | Toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus) |Truta-do-rio (salmo truta fario)
INVERNEIRAS (PR VII)
Ao percorrer os recantos deste trilho desenha-se a possibilidade de conhecer o Vale das Inverneiras. O Rio Laboreiro, ao infletir para sul, escava um vale de importância vital para a sobrevivência dos habitantes deste território. Aqui, em locais mais profundos e abrigados, encontram-se as inverneiras, pequenos núcleos populacionais constituídos na sua essência por construções austeras, que serviam de contraponto às brandas (as suas equivalentes estivais localizadas no planalto), permitindo o regresso das famílias e dos seus animais a um clima mais favorável, onde permaneciam de meados de dezembro até meados de março.
Na inverneira da Ameijoeira, localizada mesmo junto à fronteira com Galiza, perto da capela em honra do Senhor da Boa Morte, inicia este percurso. A poucos metros de distância encontra-se o famoso poço do Contador, um dos melhores locais da região para dar um mergulho. Sempre com bastante caudal de água e com muita exposição solar.
Daqui o caminho segue até à inverneira do Bago e leva à Ponte Cavadavelha, na Assureira. A ponte, também conhecida como Ponte Nova, foi originalmente construída por volta do século I e mais tarde, na época medieval, foi adaptada, sendo transformada numa ponte com tabuleiro em cavalete e dois arcos. Desde 1986 é classificada como Monumento Nacional.
Continuando a descer chega-se ao emblemático Aqueduto de Pontes, com cerca de 60 metros de comprimento, destinava-se à rega dos campos da aldeia com o mesmo nome que se situa a 500 metros. A aldeia de Pontes, fruto do êxodo rural e do desaparecimento deste modo de vida de montanha, ficou ao abandono. Hoje, fruto de um projeto de reconstrução, as suas velhas casas transformaram-se para acolher todos aqueles que queiram apreciar a riqueza do património cultural local e aproveitar para descansar e disfrutar da calma em harmonia com a natureza.
Daqui o caminho segue até ao ponto onde iniciou.
Fauna: Dom-fafe (Pyrrhula pyrrhula) | Falcão-peregrino (Falco peregrinus) | Lagartixa-ibérica (Podarcis hispanica)
Flora: Uva-do-monte (Vaccinium myrtillus) | Nosilhas (Romulea bulbocodium) | Freixos-de-folha-estreita (Fraxinus angustifolia)
LAMAS - DORNA (PR VIII)
O Percurso Lamas de Mouro – Dorna inicia junto à Porta de Lamas de Mouro, porta do Parque Nacional da Peneda-Gerês, concelho de Melgaço, e termina na Inverneira de Dorna em Castro Laboreiro. Com cerca de 12 Km permite apreciar valores naturais, culturais, geológicos e paisagísticos, sobressaindo o grande interesse natural de todo o percurso.
Inicialmente, a caminhada desenvolve-se ao longo do curso do Rio Mouro. Do lado direito, pode-se apreciar toda a riqueza da galeria ripícola do rio; do lado esquerdo, no topo da vertente, surge um afloramento de rochas graníticas. Fruto de um eventual desprendimento destas rochas podem ser vistos vários blocos graníticos de grande dimensão, depositados isoladamente no fundo do vale.
Ao subir por um antigo caminho de pedra que ligava Lamas de Mouro à Peneda surge a Portela do Lagarto. Olhando em frente, há uma forma que se destaca no cimo de um afloramento granítico – um lagarto, uma figura que resulta da alteração e erosão da rocha granítica. Junto à berma da estrada encontram-se as Alminhas do Lagarto, património artístico e religioso.
Ao descer e atravessar o frondoso carvalhal, a presença de uma elevada cobertura de líquenes a cobrir os troncos dos carvalhos indica uma poluição atmosférica muito reduzida e a elevada cobertura de musgos demonstra a humidade do local. A partir daqui, inicia-se uma nova subida que levará a um local aplanado, a Chã da Matança. Um prado de grande altitude, com uma vegetação típica de lameiros, muito utilizado pelo gado bovino e equino.
Ao deixar a chã de altitude, a descida da serra da Peneda desemboca no vale do Rio Laboreiro, onde se acomodam as Inverneiras. Na inverneira de Dorna um derradeiro ponto merce destaque, a Ponte de Dorna de estilo da época medieval, liga as margens do Ribeiro de Dorna e possui um arco em volta inteira.
Fauna: Picanço-de-dorso-ruivo (Lanius collurio) | Açor (Accipiter gentilis) | Salamandra lusitânica (Chioglossa lusitanica)
Flora: Lírio-do-Gerês (Iris boissieri) | Genciana-das-turfeiras (Gentiana pneumonanthe) | Azevinho (Ilex aquifolium)
INTERPRETATIVO DE LAMAS DE MOURO (PR IX)
O Trilho Interpretativo inicia e termina junto à Porta de Lamas de Mouro, uma das entradas no Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG). Será de aproveitar realizar uma visita a este espaço vocacionado para a receção, recreio, informação e educação ambiental dos visitantes do PNPG. Exposições e diversas aplicações interativas, com uma forte componente visual e sonora, permitem “viajar” à descoberta do território.
Iniciada a caminhada a panóplia de paisagens é atrativa, atravessa-se uma pequena área florestal e, ao mesmo tempo, existe a possibilidade de apreciar a linha de água do rio Mouro. O percurso desenvolve-se em direção à aldeia de Lamas de Mouro permitindo uma interpretação não só do património natural envolvente, mas também de toda uma tradição cultural associada à vida de montanha.
A origem desta aldeia perde-se na penumbra dos tempos da idade média, o lugarejo foi surgindo em redor do carinhoso templo religioso de indícios românicos que antigamente funcionava como batistério das aldeias vizinhas. Resistem outros testemunhos que evidenciam a vivência comunitária do povo materializados na pitoresca ponte do Porto-Ribeiro, o antigo Relógio de sol, o Moinho e o Forno. Todos construídos de granito tosco.
Na última etapa do percurso surge a possibilidade de apreciar uma paisagem onde se destacam áreas cobertas por vegetação rasteira tendo a serra da Peneda como pano de fundo. Um percurso pequeno, mas que permite uma visão muito abrangente de diferentes habitats (floresta, galeria ripícola, zona montanhosa e matos baixos) o que reflete a sua importante riqueza paisagística e natural.
Fauna: O Gaio (Garrulus glandarios) | Esquilo-vermelho (Sciurus vulgaris) | Trepadeira-azul (Sitta europaea)
Flora: Fel-da-terra-rastejante (Centaurium portense) | Dedaleira (Digitalis purpurea) | Carvalho alvarinho (quercus robur)
LAMAS DE MOURO - PARADA DO MONTE (PR X)
Este trilho desenvolve-se desde Lamas de Mouro até Parada do Monte. É um percurso que acompanha, em alguns pontos, o curso do Rio Mouro, afluente do rio Minho e que modela marcadamente a configuração do terreno. O trajeto da linha de água está pré-definido pela direção das principais fraturas que afetam o maciço granítico.
Pouco depois de passar junto às ruínas do antigo Canil do Cão de Castro Laboreiro, cruza-se a estrada asfaltada, e segue-se o caminho de terra que leva até bem perto da margem esquerda do rio Mouro. A escassos metros atravessa-se a ponte de ferro, em Porto-Travassos, sobre o rio Medoira, conduzindo ao território das Brandas de Travassos e Fitoiro, localizadas a 950 e 900 metros de altitude, respetivamente. Ambas contam a história das gentes de Parada do Monte e a maneira como se organizaram, em comunidade, para fazer prosperar a economia local, assente na agropecuária.
Ao cruzar a Branda do Fitoiro segue-se o caminho em terra batida, com um pequeno desvio pela antiga calçada, até ao lugar de Cortegada. Escassos metros de asfalto percorrido, vira-se à direita até junto da levada de água, uma estrutura vital para a condução de águas para rega. A água tanto é aproveitada no inverno, com rega de lima, evitando os estragos causados pelas fortes geadas e baixas temperaturas nos lameiros onde se cultivavam as ervas para fenar, como entre o junho e outubro na rega dos campos de milho ou para fazer mover os moinhos.
Ao passar a poça da Abelheira o caminho segue até à aldeia de Parada do monte e termina junto Alminhas de S. Gerónimo que são, presumivelmente, das mais antigas da freguesia. Estão cravadas numa espécie de altar acoplado à parede de uma habitação e foi feita em granito esculpido.
Fauna: Corço (Capreolus capreolus) | Poupa (Upupa epops) | Milhafre (Milvus migrans)
Flora: Castanheiro (Castanea sativa) | Gilbardeira ( Ruscus aculeatus) | Feto-real (Osmunda regalis)
RIO MOURO (PR XI)
Este trilho desenvolve-se ao longo do vale do Rio Mouro. Os rios são um dos traços mais marcantes das nossas paisagens. Começam a sua vida como pequenos regatos alimentados por nascentes no cimo das serras e planaltos, e depois vão-se juntando uns aos outros formando ribeiros e rios cada vez maiores. O Rio Mouro é resultado da confluência de três nascentes, todas em Lamas de Mouro, e daqui começa a ganhar consistência. O seu pequeno caudal vai aumentado, percorre cerca de 30 quilómetros até desaguar na margem esquerda do Rio Minho, na localidade de Ponte de Mouro, concelho de Monção.
No seu trajeto, propicia um contacto interessante com um rico e vasto património natural e paisagístico, sustentado em águas cristalinas, límpidas e refrescantes e pontuado por locais paradisíacos que apelam à reflexão e ao descanso.
A caminhada inicia no lugar de Cousso, seguindo as orientações, a descida permite chegar mais próximo das margens do rio, onde se destaca toda a riqueza da sua vasta galeria ripícola e uma grande biodiversidade.
Ao longo do seu percurso, o Rio Mouro, forma um vale, talhado maioritariamente sobre solos graníticos, com encostas de acentuadas pendentes, humanizadas desde a sua base até ao topo. A sua importância, desde tempos recuados, no auxílio à sobrevivência das populações é atestada na humanização dos solos das aldeias que nele se aninham e que possuem um impressionante conjunto de socalcos. Os socalcos agrícolas são estruturas que contrariam a natureza dos declives e permitem ao homem desenvolver as atividades agrícolas nos locais mais inóspitos. Surgem a eles associados as culturas do milho, a vinha (ramada) e uma intensa policultura de hortícolas variadas. A valorização e preservação destas paisagens é essencial para a prevenção de riscos naturais.
Ao cruzar os caminhos das várias povoações, abrigadas no vale do Mouro, volta-se ao ponto onde teve inicio o percurso.
Flora: Salgueiro negro (Salix atrocinerea) | Feto-pente (Blechnum spicant) | Sabugueiro (Sambucus nigra)
Fauna: Truta-do-rio (Salmo truta) | Lagarto-de-água (Lacerta schreiberi) | Rã-ibérica (Rana iberica)
BRANDEIRO (XII)
O Trilho do Brandeiro localiza-se no extremo norte da Serra da Peneda. Envolve parte do território das freguesias da Gave e Parada do Monte, duas aldeias com forte tradição de transumância (deslocamento sazonal de animais para locais que oferecem melhores condições durante uma parte do ano). O Brandeiro (designação dada ao pastor) subia com os seus animais, deixando os terrenos situados a altitudes mais baixas disponíveis para o cultivo do milho e do feijão.
Partindo da sede do concelho, deve-se seguir pela estrada N202 em direção a Lamas de Mouro. Daqui, cerca de 12 Km percorridos, surge a Branda da Aveleira onde inicia o percurso, junto a um pequeno e sublime lago muito utilizado no Verão para uns bons banhos.
Ao chegar à estrada asfaltada, atravessa-se e percorre-se a vasta chã que permite observar as extensas serras de Portugal e da Galiza e o amplo vale do Minho, cujo rio foi esculpindo e desenhando o relevo desta região de montanha. Algum caminho palmilhado, no final do caminho florestal, surge a branda de cultivo de Covelo onde se pode apreciar uma paisagem de grande beleza, um conjunto de típicas edificações de montanha harmoniosamente enquadradas.
Visitada esta pitoresca branda, o caminho lajeado irá conduzir por entre um bosque de folhosas que, pouco depois, mantendo a mesma cota permitirá alcançar a Branda do Mourim. Esta branda situa-se a cerca de 950 metros de altitude, entre duas ravinas, num relevo muito acidentado, onde os campos de cultivo em socalco resultam de um árduo trabalho de conquista de terra à montanha, durante longos séculos. Daqui, depois de vencer os fortes declives e alcançado o Alto do Fojo e, de seguida, a chã do Alto de Corisco, desce-se, de novo, até à estrada asfaltada e seguem-se as marcações até ao ponto onde iniciou este percurso.
Fauna: Dom-fafe (Pyrrhula pyrrhula) | Águia-cobreira (Circaetus gallicus) | Sardão (Lacerta lepida)
Flora: Bidoeiro (Betula alba) | carvalho negral (Ouercus pirenayca) | Quita-merendas (Colchicum montanum)
VALE DO GLACIAR (PRXIII)
O Trilho do Vale do Glaciar inicia na Branda da Aveleira, um «plateau» de montanha situado no extremo norte da serra da Peneda. Partindo da sede do concelho, deve-se seguir pela estrada N202 em direção a Lamas de Mouro. A partir daqui, cerca de 12 Km percorridos surge a Branda da Aveleira, segue-se até ao restaurante “O Brandeiro” onde tem início o percurso.
A importância deste trilho reside no pressuposto de que o mundo vivo e entre ele, nós humanos, temos as nossas raízes no chão que pisamos, isto é, nas rochas. Muitas ocorrências rochosas podem e devem ser entendidas como outros tantos documentos de uma história ainda mais antiga, processada ao longo de milhões e milhões de anos. Nelas reside a memória da Terra e da Vida e fazem parte do nosso Património Natural.
Não existe nenhum glaciar atual em Portugal, mas é possível encontrar vestígios da sua presença. Nas serras do noroeste de Portugal são muito frequentes os vestígios glaciários, nomeadamente na Serra da Peneda, uma montanha de grande beleza, cuja altitude ultrapassa os 1400 m, onde estão confirmadas marcas de grandes massas geladas resultantes da acumulação e compactação de espessas camadas de gelo.
Na branda da Aveleira, do ponto de vista geológico, predominam os xistos. Porém, ao palmilhar o território são vários os vestígios de depósitos glaciários que se podem encontrar. Aqui são frequentes penedos aborregados, superfícies polidas e estriadas, moreias, depósitos do tipo “till” e blocos erráticos de granito assentes no xisto. São vestígios que resultaram da última glaciação do Quaternário, a Glaciação de Wurm.
Algum tempo depois do início da caminhada é atingido o ponto de confluência do Rio Aveleira com o Rio Vez. A partir daqui pouco-a-pouco, entramos no vale por onde passou o antigo glaciar, extinto há milhares de anos, formado por uma enorme massa de gelo, que por gravidade se deslocava lentamente, moldando a superfície da montanha, formando o característico vale em U.
Fauna: Águia-de-asa-redonda ( Buteo buteo ) | Lobo Ibérico (canis lupus signatus) | Raposa (Vulpes vulpes)
Flora: Giesta-das-vassouras (Cytisus scoparius) | Urze (Calluna vulgaris) | Pilriteiro (Crataegus monogyna)
BRANDA DA AVELEIRA (XIV)
O Trilho da Branda da Aveleira localiza-se na Branda que lhe dá o nome, num «plateau» de montanha, no extremo norte da Serra da Peneda. Aqui, junto à capela da Srª da Guia, tem início o percurso.
O topónimo “Branda” deriva de “Veranda” que significa passar o Verão, portanto, é um local temporário de verão, cuja origem se insere num processo de transumância típica das sociedades agro-pastoris. Aqui, anualmente, desde o início da primavera até ao início do outono permaneciam os pastores (Brandeiro). Durante esta permanência, foram construindo pequenos abrigos denominados por “cardenhas”, onde pernoitavam, construções de granito muito rústicas, de sobrado e corte térrea, sendo o piso inferior destinado ao gado.
Segue-se por um caminho ladeado por muros de pedra solta, vulgarmente chamados de «canejas», que delimitam as propriedades privadas. Numa destas propriedades de cerca de 2,5 hectares, fruto de um projeto inovador, ainda recente, da Quinta de Soalheiro, “primeira marca de vinho alvarinho de Melgaço”, de produzir vinho na Branda da Aveleira temos a oportunidade de ver a plantação desta casta, às portas do Parque Nacional da Peneda-Gerês, a mais de 1.100 metros de altitude.
O caminho florestal conduz a um bosque adornado de pinheiros. Nas suas imediações encontra-se a mamoa do Batateiro, um monumento megalítico de razoáveis dimensões, com significativos vestígios estruturais, no que concerne a câmara dolménica, constituída por sete esteios. Na superfície interna do esteio da cabeceira detetam-se ténues vestígios de gravuras.
Ao percorrer a extensa paisagem de montanha surge uma charca, onde inúmeros animais domésticos de raças autóctones recorrem para saciar a sede. Pouco a pouco, desce-se por um caminho que permite alcançar o local onde teve início este belo percurso de montanha.
Fauna: Lobo Ibérico (Canis Lupus Signatus) | Javali (Sus scrofa) | Raposa (Vulpes vulpes)
Flora: Tojo molar (Ulex minor,) | Piorno (Genista florida) | Erva-das-sete-sangrias (Glandora prostrata)
CURRO DA VELHA (PR XV)
Partindo da vila de Castro Laboreiro, segue-se a sinalética existente em direção ao Ribeiro de Cima até ao lugar de Pousios. Do lado direito da estrada, encontra-se uma antiga casa de guarda florestal e do lado esquerdo desta, por um carreteiro (caminho lajeado), inicia o percurso.
Sobe-se, gradualmente, até aos “currais” – Branda de gado conhecida por Curro da Velha, término do planalto de Castro Laboreiro e onde começa a majestosa e emblemática Serra da Peneda. Destas pastagens de montanha até a pequena chã (Chão da Roca) sobressaem paisagens selvagens entre os tons de verde da vegetação e o cinzento do granito.
Por entre o giestal continua-se por um trilho aberto pela passagem do gado, que dá lugar a um caminho lajeado. Neste troço do itinerário, que segue a linha de água, deve ter-se bastante cuidado devido ao seu acentuado declive. Poucos metros abaixo o caminho leva ao lugar do Ribeiro de Baixo, lugar incrustado no fundo do vale do rio Laboreiro, onde a paisagem se assemelha a ambientes alpinos.
A oportunidade de apreciar uma paisagem marcada pelos socalcos é única. São estruturas que contrariam a natureza dos declives e permitem ao homem desenvolver as atividades agrícolas nos locais mais inóspitos. A valorização e preservação destas paisagens é essencial para a prevenção de riscos naturais.
Segue-se para montante do rio, por um fresco caminho que conduzirá ao típico lugar castrejo de Pousios. Vislumbram-se lameiros e prados de feno que entre os meses de maio e junho a comunidade vegetal que os compõe atinge todo o seu esplendor, o multicolorido evidencia a diversidade florística que os constitui.
Num curto espaço de tempo, encontra-se novamente a antiga casa florestal, onde teve início este belo percurso por terras castrejas.
Fauna: Víbora seoane (vipera seoanei) | Lagartixa-do-mato (Psammodromus algirus) |coruja -do-mato (Strix aluco)
Flora: Tormentelo (Thymus caespititius) | Carqueja (Pterospartum tridentatum) |Açucena-portuguesa Paradisea lusitanica
TRILHO DA TRANSUMÂNCIA (PR XVI)
A freguesia de Gave enquadra-se numa zona de montanha, dominada, por um lado, pelos maciços da Serra da Peneda, e por outro, marcada por vales e corgas de ribeiros que desfilam em direção ao Rio Mouro. Enquadrada num cenário paisagístico idílico, ocorrem nesta freguesia recursos notáveis do património natural, incluindo habitats de conservação prioritária, como bosques de carvalhal galaico português, e uma vasta lista de espécies protegidas da fauna e flora. O TRILHO DA TRANSUMÂNCIA, visa recriar os percursos que eram feitos por pessoas e animais para se deslocarem desde a aldeia de Gave até às brandas, neste caso a Branda da Aveleira.
A branda é o local onde os pastores, sozinhos ou acompanhados pela família, passam o período de verão, altura do ano em que as condições climatéricas permitem a vida e as atividades agro-pastoris nos locais mais elevados da montanha. Com a chegada do inverno estes voltam a fazer os mesmos percursos em sentido inverso. Esta deslocação é chamada de Transumância.
Percursos Marginais do Rio Minho (PR)
O Rio é o tema central deste percurso pedestre que, iniciando na Vila, junto à Alameda Inês Negra, se desenvolve em direção ao Centro de Estágios e ao Rio, percorrendo uma zona inserida na Rede Natura, até terminar, junto às Termas do Peso.
Entidade promotora: Município de Melgaço
Tipo de percurso: Pequena Rota (PR)
Localização: Vila, Prado, Remoães e Paderne
Âmbito do percurso: Paisagístico
Distância percorrida: 5,7 km
Duração do percurso: 1h30
Grau de dificuldade: Baixo
Cota mínima/máxima: 53/177