União das Freguesias de Castro Laboreiro e Lamas de Mouro
Área : 106,09 km²
Orago : Santa Maria / Nossa Senhora da Visitação /S. João Baptista
População : 657 habitantes (2011)
Norte: Espanha , Fiães, Roussas
Este: Espanha (Galiza)
Sul: Arcos de Valdevez, Espanha
Oeste: Parada do Monte, Cubalhão e São Paio
Junta de freguesia
Presidente da Junta da União das Freguesias de Castro Laboreiro e Lamas de Mouro
Alfredo Domingues
93 333 82 41
✉ junta.laboreiro@gmail.com
Horário de Funcionamento (Castro Laboreiro):
Atendimento secretariado
Terças e quintas-feiras das 9h00 às 12h00 e das 13h00 às 17h00
Atendimento presidente de Junta
Sábados das 14h00 às 16h00
Pontos de interesse
- Núcleo Museológico de Castro de Laboreiro
- Igreja de Lamas de Mouro
- Porta de Lamas de Mouro (para acesso ao Parque Nacional da Peneda-Gerês)
- Castelo de Castro Laboreiro (século XII)
- Igreja Matriz de Castro Laboreiro
- Ponte de Porto Ribeiro
- O Centro de Informação e Biblioteca
- O espaço de lazer do Campo das Veigas
- O Centro Cívico
- Cascata do Laboreiro
- Pode ainda visitar várias pontes, moinhos, fornos comunitários e sítios arqueológicos.
População
União das Freguesias de Castro Laboreiro e Lamas de Mouro foi criada aquando da reorganização administrativa de 2012/2013, resultando da agregação das antigas freguesias de Castro Laboreiro e Lamas de Mouro.
Castro Laboreiro
Lamas de Mouro
História
Castro Laboreiro
Orago: Santa Maria / Nossa Senhora da Visitação
A freguesia de Castro Laboreiro, localizada no planalto com o mesmo nome, em plena serra, numa extensa área dentro do Parque Nacional da Peneda Gerês, dista vinte e cinco quilómetros da sede do concelho.
Confronta com terras da Galiza, a norte e nascente, Gavieira (Arcos de Valdevez), a sul e poente e Lamas de Mouro, a poente.
O seu nome vem de duas palavras Castrum, Castro – povoação fortificada pelo povo castrejo, de raça celta, que, depois do seu nomadismo durante milhares de anos nos planaltos, vivendo da caça e da pesca, e depois do pastoreio, se fixou nos outeiros para ali viver em comunidade e se defender das tribos invasoras, desde quinhentos anos antes de Cristo até ao século VI da era cristã: Laboreiro – do Latim “Lepus”, leporis, leporem, leporarium, lepporeiro, leboreiro.”
O Padre Aníbal Rodrigues, num estudo sobre os dólmenes de Castro Laboreiro, a que não faltam apontamentos poéticos, descreve Castro Laboreiro assim: “ Constitui uma região de extraordinária beleza, onde os seus vales amenos, os planaltos extensos e a serra agreste se harmonizam maravilhosamente, dando á paisagem cambiantes de rara e grandeza. Banhada pelas águas cristalinas do rio Laboreiro e embalada pelas maviosas canções da sua própria corrente, é uma região bela, cheia de microclimas, desde a terra fria que produz apenas batata, centeio e pastagens, até à parte quente e ribeirinha, em que se cultiva toda a espécie de cereais, fruta e vinhos.”
Tem mais de 40 lugares, distribuídos pelas brandas e pelas inverneiras – que são os lugares mais altos ou os mais baixos, onde o povo se resguarda do frio intenso dos agrestes Invernos ou do calor trazido pelos estios desabridos.
As brandas, nos lugares mais altos, são mais agradáveis e produtivas na época do calor, servindo aos animais também melhores oportunidades de alimentação – é assim uma espécie de casa comum de veraneio da população e gados da freguesia e de visitantes vindos de fora. Aqui os principais lugares são: Vila, Várzea Travessa, Picotim, Vido, Portelinha, coriscadas, Falagueiras, Queimadelo , Outeiro, Adofreire, Antões, Rodeiro, portela, Formarigo, Teso, Campelo, Curral do Gonçalo, Eiras, Padresouro, Seara, e Portos.
As inverneiras, nas zonas mais baixas, servem de refúgio ao frio e estão localizadas nos vales da freguesia. Os seus lugares: Bico, Cailheira, Curveira, Bago de Cima e Bago de Baixo, Ameijoeira, Laceiras, Ramisqueira, João Lavo, Barreiro, Acuceira, Podre, Alagoa, Dorna, Entalada, Pontes, Mareco, Ribeiro de cima e Ribeiro de Baixo.
É um ciclo que se repete há milhares de anos neste planalto elevado a uns mil metros acima do nível do mar. Daqui se estabelece uma longa linha de horizontes com a vizinha Espanha (para onde se poderá seguir pela estrada Ameijoeira).
O rio Laboreiro ajuda também à composição de todo um conjunto de extraordinária beleza, serpenteando serra abaixo, até se juntar ao rio Lima. Ligando as suas margens, permanecem as pontes que as várias civilizações que por aqui passaram foram construindo ao longo dos tempos. São segundo citado trabalho do Padre Aníbal Rodrigues, “ pontes romanas e românicas, da época de ocupação romana: a da Cava da Velha (monumento nacional), e românicas, do século XII, como a de Dorna, da Assoreira ou da capela, de Varziela, das Cainheiras, da Vila, do Rodeiro, das Veigas e dos Portos 8estilo celta).”
De facto, a ocupação humana de Castro Laboreiro é comprovável até ao longo passado de quatro ou cinco mil anos. Nesta região desenvolveram-se sucessivamente duas grandes culturas que atingiram um grau elevado de civilização: a cultura dolménica e a cultura castreja. Aqui pode encontrar-se ainda hoje, mais de uma centena de antas ou dólmenes (será talvez a maior concentração peninsular de dólmenes pré-históricos); alguns menires; a Cremadoura, a poente da Vila, onde se incineravam os cadáveres para serem recolhidas as cinzas em vasilhames de barro (no Mesolítico); doze castros, de há dois mil e quinhentos anos, pinturas e gravuras rupestres.
O Castelo de Castro Laboreiro, diz o povo ter sido obra dos mouros. Pinho Leal, no seu, “Portugal Antigo e Moderno”, afirma mais certo ser atribuível aos romanos. O Pe. Aníbal Rodrigues coloca-o, porém no ano de 955, fundado por S. Rosendo, governador do Val del Limia, desde Maio desse ano, por nomeação de D. Ordonho III, rei de Leão. D. Afonso Henriques rodeou-o de muralhas e, nos princípios do século XIV, quando caiu um raio no paiol de pólvora, que fez todo o polígono ir pelos ares, D. Dinis ordenou a sua reedificação.
Castro Laboreiro foi vila e sede de concelho desde 1271 até 1855. Teve tribunal, paços do concelho e cadeia, bem como alcaide e governador do castelo. Recebeu foral, em Lisboa, a 20 de Novembro de 1513, conferindo-lhe o nome de Castro Laboreiro. Tinha foral velho, dado por D. Afonso III, em Lisboa, a 15 de Janeiro de 1271, que a elevada vila, dando-lhe simplesmente o nome de Laboreiro. Um dos seus privilégios, concedido por vários reis e confirmado por D. João V, era o de não se recrutarem aqui os soldados.
Esclarece no entanto o Padre Aníbal Rodrigues: “ Pertença do condado de Barcelos até 1834, comenda da Ordem e Cristo desde1319, Castro Laboreiro ocupou um papel de grande relevo, quer na independência da Pátria quer na Guerra da Restauração, desde 1319, Castro Laboreiro ocupou um papel de grande relevo, quer na independência da Pátria que na Guerra da Restauração, desde 1640 a 1707. Defendida pelo seu inexpugnável castelo, manteve-se sempre fiel ao ideário pátrio, sem nunca se vender ao estrangeiro. Desde 1136, data em que D. Afonso Henriques visitou Castro Laboreiro, até ao presente, o povo castrejo conservou-se sempre coerente consigo mesmo e de um portuguesismo a toda a prova”.
Era da casa de Bragança, que apresentava o reitor (que tinha de rendimento anual seiscentos mil réis, e o seu co9adujuntor vinte alqueires de centeio e dez mil réis, tudo a pago pela encomenda). A igreja foi primitivamente vigairaria da matriz de Ponte de Lima, depois abadia do bispo de Tui, que D. João Fernandes de Sotto Maior trocou, em 1308, com o Rei D. Dinis.
No campo da monumentalidade construída, merecem finalmente destaque o pelourinho, de 1560, que é monumento nacional, e a igreja matriz, imóvel de interesse público, que foi construída primitivamente no século XII, em estilo românico. O coro, a torre e a capela-mor datam de1775 e ostentam o estilo joanino ou de D. Maria Pia. Possui uma magnífica pia baptismal, do século XII, e preciosas imagens, que abrangem um largo período que vem desde o século XIV até ao século XVII.
Tratando-se de uma raça pura, dócil e altiva, os mundialmente famosos cães de Castro Laboreiro são, desde o século VIII, motivo de orgulho do seu povo. É uma raça mastim de grande porte, nativa desta região montanhosa.
Dicionário Enciclopédico das Freguesias: Braga, Porto, Viana do Castelo; 1º volume, pág. 423 a 439; Coordenação de Isabel Silva; Matosinhos: MINHATERRA, 1996
Lamas de Mouro
Orago: S. João Baptista
Lamas de Mouro, em plena montanha, dista dezoito quilómetros da sede do concelho.
Confronta com S. Paio, Roussas e Fiães, a norte, Padrenda (Galiza, Espanha) e Castro Laboreiro, a nascente, Gavieira (Arcos de Valdevez), a sul, e Cubalhão e Parada do monte, a poente.
É composta pelos seguintes lugares principais: Lugar de Cima, Touca, Igreja, Alcobaça, Gavião e Porto Ribeiro.
De acordo com o Padre Aníbal Rodrigues, toma o nome da qualidade do seu solo – lamas, pastagens de gado cheias de água – e do rio Mouro, que nasce no seu território.
Foi terra com povoamento muito remoto, possuindo alguns vestígios da cultura dolménica e castreja (de origem céltica).
A antiga freguesia de S. João Baptista de lamas de mouro era abadia da apresentação do ordinário, no antigo termo ou julgado de Valadares. Em 1839 aparece inscrita na comarca de Monção. No ano de 1878 consta já na sede de Melgaço.
A igreja paroquial é de um antigo mosteiro de templários que aqui houve após a supressão desta ordem, em 1344, o cenóbio revertou à coroa, que deu à ordem de Malta, em 1349.
A população de Lamas de Mouro, pagava aos cavaleiros muitos foros, mas tinha os grandes privilégios próprios dos caseiros de Malta.
Depois passou a ser abadia do Papa e ordinário. O Papa e o arcebispo de Braga apresentavam alternativamente o abade, que tinha setenta mil réis de renda anual.
O templo actual, de características românicas (tanto nas portas, especialmente a lateral norte, como nas próprias paredes cujas pedras estão pejadas de siglas), foi restaurado há pouco tempo.
A capela-mor, a sacristia e a torre sineira são de século XIII. Possui algumas imagens interessantes, do século XV ao século XVII.
Nesta freguesia teve lugar, no ano 812, no sítio chamado Vale do Mouro, junto ao rio Ornese, uma grande batalha em que pelejou o bravo Bernardo del Carpio (parente e vassalo de d. Afonso Henriques) contra Ali-Aton, rei de Córdova, que caiu derrotado. Escreveram alguns, por certo crendeiros, que os mouros perderam então 70 000 homens!…
Ali-Aton tinha tomado muitas terras aos lusitanos, que, em consequências desta derrota, tornou a largar.
Mais conta a tradição que por Lamas de Mouro entrou em Portugal Afonso VII de Castela, em 1129, para ser derrotado na veiga da matança, junto aos Arcos de Valdevez, por seu primo, D. Afonso Henriques.
Por aqui entrou também, em 1657, o general castelhano D. Vicente Gonzaga, para ir atacar Valença.
O belo rio Mouro (afluente do rio Minho) nasce em Lamas de Mouro. É o resultado da junção das três nascentes, todas nesta freguesia: uma em Cabeça do Pito, outra na Portela, do Lagarto e a última na Trincheira. Pelas suas potencialidades turístico- paisagísticas e pelo papel desempenhado no auxílio à sobrevivência das populações, é de uma importância fundamental para os concelhos de Melgaço e Monção.
Ligando as margens do rio, sobrevive, apesar da ruína, a ponte romana de Porto Ribeiro.
Segundo a lenda, era por estas bandas que o emir árabe Jusão tinha uma grande coutada a caçar. Daí lhe virá o nome.
Uma parte considerável desta freguesia faz parte do Parque Nacional da Peneda Gerês. Na sua área está instalado o camping do parque, actualmente sob administração da Junta de Lamas de Mouro.
Daqui se pode seguir, através de um amplo plano e verde vale, rico de arvoredos, que corre em cristas rochosas, para o Santuário da Peneda (freguesia da Gavieira, concelho de Arcos de Valdevez). É o melhor caminho para lá chegar.
A verdade é que – como escreve Marques Rocha, no seu “Melgaço” -, freguesia pequena na área e nos povoados, “Lamas de Mouro é uma zona montanhosa, onde o Inverno é rigoroso, e, não fossem os bons acessos municipais – para a Vila e para Castro Laboreiro – , dias haveria em que a população e a terra ficariam isoladas do mundo.”
Dicionário Enciclopédico das Freguesias: Braga, Porto, Viana do Castelo; 1º volume, pág. 423 a 439; Coordenação de Isabel Silva; Matosinhos: MINHATERRA, 1996